terça-feira, 19 de setembro de 2017

XXXIX EXPOFEIRA DE SÃO LOURENÇO DO SUL

39ª EXPOFEIRA DE SÃO LOURENÇO DO SUL
Organização do NÚCLEO DE CRIADORES DE GADO JERSEY DE SLS
Apoio: ACGJRS


PROGRAMAÇÃO DA RAÇA JERSEY
Juiz: Prof. Carlos Alberto Soares da Silva

28/setembro (5ª feira)
14:00 h – Prazo máximo para entrada dos animais do Torneio Leiteiro
16:00h – Exame de admissão dos participantes do Torneio Leiteiro
18:00h – Esgota para o Torneio Leiteiro

29/setembro (6ª feira)
06:00h – Primeira ordenha do Torneio Leiteiro
12:00h – Prazo máximo para entrada de animais
14:00h – Exame de admissão
18:00h - Segunda ordenha do Torneio Leiteiro                

30/setembro (sábado)
13:00h – Julgamento de pista

01/outubro (domingo)
12:00h – Premiação e almoço de confraternização
18:00h – Saída dos animais

MIRELA SCATTOLIN ANSELMO, médica veterinária e criadora, tecnica do MAPA, é a presidente da primeira diretoria do já vitorioso NÚCLEO DE CRIADORES DE GADO JERSEY DE SÃO LOURENÇO DO SUL que, a partir do próximo dia 28, estará realizando sua segunda ranqueada do ano (a primeira ocorreu em abril), como em 2015 e 2016 com cerca de 100 exemplares em cada evento.



O juiz será o professor CARLOS ALBERTO SOARES DA SILVA, médico veterinário por formação e membro do COLÉGIO DE JURADOS DA RAÇA JERSEY NO BRASIL. Carlos Alberto, além de professor na área de zootecnia no CAVG-IFSUL, em Pelotas, já tem marcante carreira como juiz em importantes exposições ranqueadas no RS e, talentoso e técnico em suas justificativas, foi quem abriu o último curso oficial para reciclagem de jurados, em Esteio 2013, tendo como instrutor o zootecnista e juiz FÁBIO FOGAÇA.



São Lourenço do Sul, situado numa tradicional, agradável e produtiva região leiteira brasileira, está localizado a 190 km ao sul de Porto Alegre e a 50 km ao norte de Pelotas. Com área total de 2.036.130 km² abriga população de 43.114 habitantes, densidade de 21,17 hab/km² (IBGE 2010), altitude de 26m (cidade) e 325m (interior), e bom clima subtropical.



Significativo número de jersistas valorizam o leite lá produzido, disputado por laticínios locais e de outras regiões por sua alta qualidade. Como sempre ocorreu, tem apoio irrestrito de seu importante Sindicato Rural.





A RAÇA JERSEY EM SÃO LOURENÇO DO SUL

Até o final da década de 1970, do evento agropecuário de primavera participavam, quase com exclusividade, as raças bovinas Holandêsa e Charolesa, e ovinos de lã. Com o passar do tempo, a Jersey começou a ser exposta e, progredindo, assumiu a liderança dentre os bovinos. E não foi por acaso: grande mérito deve ser outorgado ao prof.BRUNO KNEIB, durante anos organizando e difundindo a Jersey no campo e nas exposições, sempre acompanhado pela presidente do novel Núcleo de Criadores de Gado Jersey de São Lourenço do Sul, MIRELA SCATTOLIN ANSELMO. 

Ambos organizados e perseverantes proporcionaram, apoiados por diversos jersistas da região, condições para que São Lourenço marcasse, com orgulho, sua posição de “GRANDE BACIA LEITEIRA COM A RAÇA JERSEY NO SUL DO RS”. Sempre apoiados pelo Sindicato Rural de São Lourenço do Sul, um destaque especial deve ser dado a seu atual presisente, LUIS SAALFELT, incansável simpatizante da Jersey.




A participação da Jersey em suas tradicionais exposições-feiras, realizadas na primavera, interrompida em 2014 por problemas de infra-estrutura em seu belo e pitoresco parque, motivou a realização de uma mostra, exclusiva da raça, no outono seguinte. O sucesso alcançado incentivou a realização da II e III FEIRA REGIONAL DA ZONA SUL DE GADO JERSEY, ocorridas em abril de 2016 e de 2017, ranqueadas com mais de 90 animais efetivamente expostos.



SAIBA UM POUCO SOBRE O MUNICÍPIO DE SÃO LOURENÇO DO SUL

A origem de São Lourenço do Sul remonta ao final do século XVIII, quando a Coroa Portuguesa distribuiu sesmarias aos militares açorianos que lutaram contra os espanhóis. Aqui se estabeleceram grandes latifúndios de exploração pecuária - as estâncias ou fazendas - em cujas sedes foram construídas capelas em homenagem aos santos de devoção das famílias.

Em 1807, moradores da Fazenda do Boqueirão erigiram a capela consagrada a Nossa Senhora da Conceição e, em 1815, foi iniciada a construção de outra, devotada a São Lourenço, na estância com o seu nome. Em 1901 foi inaugurada a Igreja Nossa Senhora dos Navegantes com a 1ª Festa em homenagem à Rainha do Mar.
Por decreto de D. Pedro I, a Fazenda do Boqueirão foi elevada a Freguesia em 1830, quando se desmembrou da Vila de Rio Grande e se incorporou à Vila de São Francisco de Paula (atual cidade de Pelotas).


Em 1850, o Coronel José Antônio de Oliveira Guimarães doou parte da Fazenda São Lourenço, situada na margem esquerda do rio, para uma nova povoação. Ele também em 1858, firmou contrato comercial com o alemão Jacob Rheingantz para a criação da Colônia São Lourenço, dando origem à colonização alemã predominantemente pomerana na região.


“Diário de Rio Grande, jornal, capa da edição 2.703 em 09 de janeiro de 1858

O empresário Jacob Rheingantz trouxe, durante quatro décadas, um contingente enorme de gente que mudaria as feições econômicas da zona meridional da então Província do Rio Grande do Sul que só se ocupava com a pecuária.
A agricultura será a salvação da Província do Rio Grande, e os seus filhos, que isso reconhecem, muito terão feito na Assembléia Provincial para animas o seu desenvolvimento.
O lado norte da Província, tendo abraçado com fervor esse ramo de vida, acha-se hoje florescente, enquanto que o sul definha por cuidar meramente do gado vacum. Verdade é que se fizeram algumas experiências com as projetadas colônias do Monte Bonito e do Fragata mas, ou por falta de vontade ou por esterilidade do terreno, nenhuma das duas chegou a vingar.
Hoje as coisas têm tomado outro rumo e, ao que parece, o município de Pelotas passará em breve a ter um estabelecimento colonial graças aos esforços de um estrangeiro ativo e laborioso, o Sr. Jacob Rheingantz que, compenetrando-se dessa necessicade, tomou a deliberação de ir à Europa engajar braços.
Esse senhor regressou dessa viagem no vapor passado e, há dois dias, viu largar âncora no nosso porto o navio holandês com 91 colonos para o seu novo estabelecimento.
Bem-vindos sejam eles.
As vantagens que nos trará a colônia do Sr. Rheingantz está ao alcance de todos, situada ela nas margens de São Lourenço, a poucas milhas de distância das cidades de Rio Grande e Pelotas. Abastecerá esses mercados com seus produtos, privando-nos, assim, de maiores misérias.
O Sr. Rheingantz espera mais três navios com colonos. Deus lhes proporcione uma boa e rápida viagem.


EDILBERTO LUIZ HAMMES (e-mail: hammesedilberto@gmail.com) é médico por formação, e escritor por vocação (autor das obras São Lourenço do Sul – Radiografia de um município, A Imigração Alemã para São Loureenço do Sul e Dicionário de Sobrenomes de São Lourenço do Sul e das Colônias Adjascentes), publicou no Diário da Manhã de Pelotas em 10 de agôsto último:


E foi graças a Rheingantz que nossa Zona Sul começou a desenvolver e a mostrar sua pujança plutonômica no setor agrícola. Trazendo milhares de colonos, especialmente da Pomerânia, num período que durou aproximadamente de 1858 a 1890, Jacob proporcionou a alavancagem do progresso, com a fundação da Colônia de São Lourenço que, à época, fazia parte do município pelotense.
Com todos os obstáculos que um investimento de um porte inimaginável, como o da imigração - realizada em épocas de dificuldades em transportes e de comunicações - que a ele se opunham, mesmo com eventuais e poucos desafetos que procuraram minar seus esforços no meio de tanta gente boa, Rheingantz venceria todos os desafios.
A angústia com o resultado que, por questão de honra, deveria ser positivo para ele, minou sua saúde e seu coração que, de forma fulminante, o matou aos 60 anos de idade, quando se encontrava caminhando pelas ruas da cidade norte-alemã de Hamburgo à procura de novos braços de trabalho para o progresso do Brasil.
Jacob Rheingantz nasceu no dia 10 de agosto de 1817 na pequena aldeia alemã de Sponheim, então pertencente à Prússia Renana. No dia 10 de agosto de 2017 foram completados 200 anos de seu nascimento. Um motivo sobejo para que a data seja comemorada com júbilo. Afinal, foi um dos maiores divisores de água em nossa história: antes dele, uma zona despovoada, desprotegida, apenas pecuária e atrasada; depois dele, o intenso povoamento, o trabalho árduo e compensador de dedicados trabalhadores rurais, com o consequente desenvolvimento agrícola, até hoje admirado, começando, como previa o Diário de Rio Grande, uma era de abastecimento com os produtos coloniais extraídos da terra ou dos derivados de animais que criavam, aos mercados de Pelotas, de Rio Grande e da região, ”privando-nos, assim, de maiores misérias”, trazendo, como até hoje acontece, mais comida para as mesas dos rio-grandenses do sul e até de lugares mais longínquos.
10 de agosto, casualmente, é o dia em que se comemora o onomástico do santo Lourenço, padroeiro do município-sede da grande colônia alemã que se expandiu para os municípios vizinhos, fazendo-se comemorações efusivas ao feito de Jacob Rheingantz, vulto de peso de nossa história.


Jacob Rheingantz organizou e colonizou a colônia até 1877, quando faleceu em viagem à Alemanha a serviço de São Lourenço, tendo sido substituído inicialmente pelo seu filho, o Comendador Carlos Guilherme Rheingantz (fundou a primeira tecelagem brasileira, denominada UNIÃO FABRIL E MERCANTIL, com a afamada marca RHEINGANTZ). 

Um ano após, por falta de disponibilidade de tempo para bem administrá-la, passou a tarefa para o seu cunhado, Barão Kurt August Adolf von Steinberg, que a dirigiu até 1890Esta foi a única colônia fundada no Brasil exclusivamente com capital particular, e muito progrediu com o passar dos anos.

O pequeno porto junto ao rio São Lourenço, que já servira à esquadra comandada por Giuseppe Garibaldi durante a Revolução Farroupilha, passou a ser um dos mais importantes portos de veleiros mercantes do sul do Brasil, contribuindo para o progresso da Colônia São Lourenço que se transformou em uma potência agrícola - a maior produtora de batata da América do Sul durante o século XIX e parte do século XX.




A Freguesia de Boqueirão foi promovida à categoria de Vila, separando-se de Pelotas, graças ao crescimento do porto e ao fortalecimento do comércio, inclusive de exportação principalmente dos produtos agrícolas provenientes da Colônia de São Lourenço, em 15 de fevereiro de 1890, reunindo Boqueirão e São João da Reserva.
Em 31 de março de 1938, a Vila de São Lourenço tornou-se cidade, verificando-se acentuado progresso, uma vez que toda produção agrícola era comercializada devido à facilidade dos transportes aquáticos.


Cristianismo é a fé predominante e o Luteranismo destaca-se no município. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, 49,61% da população era protestante, 46,91% católica; 0,68% espíritas, 0,40% outras religiões; 0,79% religiões afro-brasileiras, 0,22% indeterminado, enquanto 1,38% da população não tinha religião.
Em 2010 48,46% da população do município era protestante, 44,53% eram católicos romanos, 3,45% não tinham religião, 1,64% eram espíritas, 0,86% eram membros da Igreja Católica Apostólica Brasileira, 0,35% Testemunhas de Jeová e 0,89% de outras religiões.[8]
Dentre as denominações protestantes em São Lourenço do Sul, a maioria da população é luterana, cerca de 33,76% da população do município. Os pentecostais são 2,98% e adventistas 0,86%. As Assembleias de Deus são o maior grupo pentecostal, com 0,61% da população, seguida pela Igreja do Evangelho Quadrangular com 0,57% e Igreja Universal do Reino de Deus com 0,24%.


Além da portuguesa, há muitos lourencianos que utilizam a língua pomerana como "materna", um legado cultural que faz parte do histórico da comunidade, e de outras de região de similar perfil, resultantes de processos migratórios promovidos pelo Estado durante o período colonial.
De colonização alemã, é uma das mais belas cidades da chamada Costa Doce (denominação devida às lagoas de água doce da região). Além da agricultura e da pesca, possui forte vocação turística, apoiada por uma boa infra-estrutura de hotéis, pousadas, cabanas e campings para os veranistas que vêm de diversos lugares do Brasil. Ao turista que queira conhecer um pouco do interior do município há o Caminho Pomerano, opção para quem gosta de zona rural e de conhecer a etnia da qual descende boa parte dos moradores do município.



As praias de São Lourenço do Sul são de água doce, areia média nas margens à beira da Lagoa dos Patos, com cinco quilômetros de orla, ondas cristalinas e rasas, à sombra de plátanosfigueiras e coqueiros. As principais são a praia das Ondinas ou praia das Mães, a praia da Barrinha, e a praia das Nereidas ou praia das Crianças.
A enchente de março de 2011 desfigurou severamente a praia da Barrinha, em novembro do mesmo ano com as obras de recuperação bastante adiantadas.



Além de contar desde 2007 com o Polo de Apoio ao Ensino a Distância - PAED (que também abriga cursos de nível técnico), em 2010 a Prefeitura de São Lourenço do Sul fechou uma parceria com a Universidade Federal do Rio Grande, com a doação de prédio de propriedade municipal para instalação do campus da Universidade onde atualmente funciona com o curso de Tecnologia em Gestão Ambiental (contemplado com nota máxima na avaliação do Ministério da Educação - MEC), Bacharelado em Agroecologia e Licenciatura em Educação do Campo, diminuindo um pouco o alto fluxo de estudantes que se locomovem para municípios vizinhos pela falta de ensino superior na cidade. Em 27 de dezembro de 2012, o campus foi inaugurado. 



ONDE “POUSAR”
À margem direita do pitoresco Arroio São Lourenço, duas belas pousadas aguardam aos visitantes:



Logo após a ponte arqueada, temos a POUSADA VELHO ESTALEIRO (Alameda Mano Serpa 40, tel. 53.32511939), muito confortável e simpàticamente administrada por seus proprietários, Arinei e Maria Venzke, e pelos filhos Estefani e Eduardo. Nela, você encontra, além do atendimento familiar, conforto, segurança e uma bela decoração. Seus amplos apartamentos são bem ventilados e com ar condicionado Split, têm a estrutura de um apart hotel sem, no entando, perder o charme de uma pousada. Além de cozinha americana equipada com forno micro-ondas e diversos outros itens para o conforto de seus hóspedes, oferece cozinha e churrasqueira coletivas, estacionamento, frigobar, internet sem fio, piscina, e outros confortos, além da proximidade do belo Arroio São Lourenço.




Cerca de 2 km após, na mesma estrada, temos uma pousada na FAZENDA DO SOBRADO (alameda Mano Serpa 570, tel. 53.32512141), sendo imperdível a visitação a esta propriedade  que, originalmente da irmã de Bento Gonçalves, Anna Joaquina, por volta de 1977 foi adquirida pelo saudoso Solismar Serpa, pertencendo hoje à sua viúva, Ivany Wienke Serpa, é  administrada pelo filho, Maurício Serpa. Seus 300 ha de área verde, excelentemente explorados com agropecuária, possui dormitórios com capacidade para até 5 pessoas cada, apresentando gastronomia típica gaúcha e regional feita em fogão à lenha e panela de ferro. Estrutura de lazer com passeios à cavalo, charrete e pôneis, passeio de barco pela Laguna dos Patos, trilhas em matas nativas, acompanhamento à ordenha, e muito mais.




ASOCIEDADE DOS ATIRADORES GERMÂNIA - HISTÓRIA RESUMIDA DA
ATUAL ASSOCIAÇÃO CULTURAL SETE DE SETEMBRO

Por Edilberto Luiz Hammes, ex-presidente (gestão 1994-1996)  na reabertura em setembro de 2017.


         A atualmente denominada Associação Cultural Sete de Setembro - há poucos anos atrás conhecida como Sociedade Recreativa Sete de Setembro - completará “oficialmente” seu centenário de fundação daqui a pouco mais de dois anos, previsto para 12 de janeiro de 2020.

No entanto ela não começou com essa denominação. A data de sua fundação exata, infelizmente, não póde ser respondida com exatidão, porque todos os documentos, atas, fichários, cadastros, enfim, o dia, mês e o ano de sua própria fundação, foram literalmente varridos da história. O que restou, transmitida oralmente, foi que existiu uma sociedade com a denominação “Schützenverein Germania” – Sociedade dos Atiradores Germânia –, algumas fotos e um único documento assinado por alguns sócios, datado de 5 de novembro de 1917, tendo como ordem do dia a mudança do nome da sociedade. Por essa época, desenvolvia-se a Primeira Guerra Mundial (entre 1914 e 1918), com encarniçadas batalhas nas trincheiras da Europa entre países antagônicos, estando de um lado a Alemanha, berço dos imigrantes de nossa Colônia. Como o Brasil, a exemplo do que sucederia em 1942 na Segunda Guerra Mundial, por forças políticas externas, foi obrigado a ingressar no bloco contra a Alemanha em 1917, todos os descendentes originários desse país e seus bens sofreram consequências, muitas vezes brutais. E isso se refletiu também nas entidades criadas e freqüentadas por eles, como foi o caso de nossa Sociedade dos Atiradores. O curioso é que, como sócios, havia também muitos amigos descendentes de portugueses e brasileiros que aqui residiam e que se divertiam na sociedade que oferecia a eles o jogo de bolão, tiro-ao-alvo e alegres e concorridos bailes.


         Mesmo assim, o terreno onde se situava a Sociedade dos Atiradores Germânia e suas primitivas benfeitorias – neste mesmo lugar em que estamos agora – foi confiscado pelo governo brasileiro em 1917, dando lugar ao Tiro de Guerra nº 237.  O traumático fim de uma entidade que tinha como finalidade a diversão de seus sócios foi, na verdade, uma retaliação contra o nome alemão da sociedade e contra tudo o que fazia lembrar o “país inimigo”. Se fossem removidos esses empecilhos, nada proibiria de continuar uma entidade recreativa com os mesmos sócios e as mesmas diversões, principalmente se sua denominação passasse a ser claramente nacionalista, o que aconteceu com clubes semelhantes em todo o Brasil. Os sócios decidiram: “Sete de Setembro”, o mais sugestivo nome que falava de um Brasil independente, seria escolhido para designar o mesmo clube, que deveria ser fundado de novo, sendo necessário, no entanto, esquecer seu passado.

Assim, em seguida aos anos sombrios da Primeira Guerra, os mesmos associados que, somados, eram dezenas, se cotizaram, comprando do governo federal, por pouco mais de seis contos de réis, o mesmo terreno e benfeitorias que algum dia já havia sido seus, e resolveram fundar a 12 de janeiro de 1920, a Sociedade Recreativa “Sete de Setembro”!


Alguns dias depois da fundação, mais precisamente a 16 de março de 1920, foi lavrada pelo notário Antônio Rainério dos Passos uma escritura pública de compra e venda: a “Sete”, por intermédio de seu primeiro presidente, Max Schröder – na ocasião representada por dois diretores, Sebastião de Carvalho Hubrig e Moacyr Ferreira – recomprava do Tiro 237 o seu próprio terreno com duas casas e benfeitorias, pelo preço de “seis contos, 147 mil e 120 réis”!

         Entre 1920 e 1924 todos os esforços foram concentrados em favor da construção de um grande salão de festas. E de fato, apenas quatro anos após a fundação dita oficial, abnegados sócios liderados pelo presidente Max Schröder, e Augusto Nickhorn, inauguraram o salão de baile, na época – como ainda hoje – um fantástico prédio de alvenaria com assoalho de tábuas. A inauguração da grande sede nova da Sociedade Recreativa Sete de Setembro – este magnífico salão em que estamos agora – teve lugar no dia 25 de dezembro de 1924, às 20 horas. Faziam parte da comissão dos festejos as senhoras Ilsa Eyler, Herminia Ziebell, “Clarinha” Baumgarten, “Mariquinha” Russo e Olga Soares; e os senhores Max Schröder, Guilherme Timm, Ernesto Nickhorn, Caro Mendes e Carlos Helms Filho.

         Nomes como Rúdi Nickhorn, Alfredo Kroll, João Christ (esse em 1933, quando foram publicados os primeiros estatutos), Moacyr Ferreira, Guilherme Gehrke, dr. Pio Ferreira, Euclydes Vargas e Albino Ziebell sucediam-se como presidentes entre 1929 e 1943. Em 1944 o dr. Edison Nunes de Campos foi presidente, ocasião em que foram criadas sua bandeira e seu atual brasão.



Sucederam-lhe Augusto Tomaschewski, Alfredo Born e Antônio Jesus dos Passos que tomou a si a iniciativa de construir, entre novembro e dezembro de 1949, o então revolucionário piso de parquê, ainda desconhecido dos lourencianos, sendo considerado como sendo o melhor piso para danças que jamais existiu em São Lourenço do Sul...

Sob a mesma presidência de Jesus Passos, um evento social novo, desconhecido até então no Município, explodiu na sociedade lourenciana: na noite de 31 de dezembro de 1949 para 1o de janeiro de 1950 foi realizado o primeiro baile de debutantes da cidade, sendo apresentadas à sociedade 25 meninas-moças, ocasião em que, com casa superlotada, foram entregues aos sócios o moderníssimo piso de parquê e outras visíveis melhorias.



A partir dessa data, e sob a presidência de Alfredo Kroll, Frederico Buss, Américo Ferreira (que construiu a ampla churrasqueira externa), Plínio Brauner, João Haag, de novo Jesus Passos, Friedo Stenzel, Pedro Tomaschewski e Romeu Martins, orquestras de renome, brasileiras e internacionais, como as argentinas “Señores del Tango” e “Al Mônaco”, a espanhola “Suspiros de Espanã” e várias outras se apresentaram na “Sete”, tendo ficado na história a presença de Gregório Barrios, famoso cantor paraguaio, líder do hit parade da época, além dos tradicionais bailes do chope quando, em 1966, em sua primeira edição, tocaram “Os Velhinhos Transviados”.

A Sociedade viveu seu tempo de glória desde a fundação até o início dos anos sessenta. Depois, veio a lenta agonia, até quase falir completamente no final da década de 1970.

A partir de 1982 – após cerca de oito anos de inatividade – na gestão de Sérgio Wienke, houve uma verdadeira “sacudida”, uma gradativa recuperação e, lentamente, a “Sete” foi restaurada, sendo também reeditados os bailes de debutantes e do chope, além de ter sido realizada ampla campanha para aumentar o número de sócios, com sucesso absoluto. Paulo Brauner o substituiu, ficando responsável pela sociedade por cerca de quatro anos.

Em 1988 foi criada a Südoktoberfest (que foi realizada anualmente no parque da Sociedade por três edições) e modernizados os estatutos da “Sete” quando foi presidente Lélio Luzardi Falcão que contou com o entusiasmo e o imprescindível apoio da professora Soleni Peres Heiden, idealizadora e líder da festa de outubro, hoje um dos eventos turísticos mais importantes da Cidade. Infelizmente, por desentendimento entre alguns diretores líderes da “Sete” e do Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Sonnenschein, houve uma irreversível cisão, resolvendo esse último separar-se do clube que o viu nascer, tomando rumo próprio.

Em 1992 foram reinauguradas as modernas e então oficiais canchas de bolão, construídas pelo presidente Ary Heiden, o que trouxe de volta o entusiasmo pelo tradicional esporte, encorajando a realização de inesquecíveis torneios e fazendo retornar, como nos velhos tempos, o grande movimento noturno da Sociedade.

Em 1993 foram inaugurados os modernos levantadores automáticos de pinos, adquiridos graças a iniciativa e à campanha liderada pelo diretor do departamento de bolão, o médico Edilberto Luiz Hammes, sob a presidência inicial de Lélio Luzardi Falcão e, posteriormente, de Sidnei Conrad. Para complementar a belíssima cancha, foi construído por Ary Heiden, sob inspiração e orientação do diretor Hammes, um grande painel de madeira de imbuia onde, no centro, foi fixado o antigo e histórico símbolo da Sociedade dos Atiradores Germânia esculpido em madeira de cerejeira, medindo aproximadamente um metro de altura.

Setembro de 2017 - Edilberto Luiz Hammes com sua espôsa, Iara
e, na foto inferior, com o autor deste blog, 


Em 1996, na gestão do presidente Edilberto Luiz Hammes, foi realizada a primeira edição da Bierfest, substituídas as luminárias antigas do salão por ventiladores de teto e embutidos nas paredes todos os dutos da distribuição elétrica da casa. Ainda sob sua presidência foram construídos os vestiários para a prática do futebol de sete, comprados os altos postes de concreto para sua iluminação, cercado o seu pátio com muros à prova de intrusos, além de ter sido colocada a tela de arame com a finalidade de separar a parte social do campo de futebol de sete, e construído o tão esperado (durante décadas) banheiro contíguo à churrasqueira externa.

Na gestão do presidente seguinte (1997-98), Luiz Carlos da Silva, foi concluída a cancha gramada do futebol de sete, implantada e inaugurada sua iluminação e terminados os seus vestiários, tendo sido dado seguimento a mais duas edições da Bierfest (quando começou sua expansão) e construída a calçada iluminada, com postes decorativos, do pátio contíguo ao salão de bailes.

Depois dessa gestão, vários presidentes colaboraram para que a “Sete” prosseguisse viva, mas já sem qualquer entusiasmo e com ausência de realizações, culminando, com a presidência de uma das maiores entusiastas da história da Sociedade, professora Soleni Peres Heiden que, cansada e sem o apoio necessário – coincidente com o abandono de praticamente todos seus associados – foi obrigada a alugar as benfeitorias para a Prefeitura Municipal que a usou como sede da Secretaria Municipal de Ensino durante vários anos, durante o governo do Partido dos Trabalhadores.

Até que, em 2016 – em acordo prévio com o Grupo de Danças Folclóricas Alemãs Sonnenschein – foi eleito, em assembleia geral, Sérgio Hax que, com entusiasmo e com total apoio dos componentes e familiares do Grupo Sonnenschein, assumiu a presidência para, com sua diretoria, recuperá-la fisicamente e fazê-la voltar aos seus dias de glória.

Na noite do dia 2 de setembro de 2017 houve a reinauguração do salão, agora totalmente modernizado, com a presença de antigos associados e novos entusiastas, com um jantar espetacular e um baile à moda antiga.

Quem se interessar pela história da fundação de São Lourenço do Sul, e da família Rheingantz, acesse o www.familiarheingantz.blogspot.com .

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